Susana Wald
Visões vertiginosas da criação
Susana Wald (Budapeste, 1937) cresceu na Hungria, de onde conserva algumas memórias de dias agradáveis de verão e da guerra: cadáveres, ruínas, céus iluminados por luzes de bombardeios, e uma boneca que a acompanhou ao porão onde se refugiavam. A sobrevivente da Segunda Guerra escapa da ameaça estalinista aos 12 anos ao emigrar com a família para Buenos Aires (Wald, 1983). Dedicou-se a vários meios como cerâmica, escultura, desenho, gravura, pintura de cavalete e mural. Na Argentina, concluiu o curso de cerâmica decorativa na Escuela Nacional de Cerámica de Buenos Aires. Trabalhou modelando cerâmica até 1979, produzindo peças utilitárias, esculturas e murais. Montou ateliê de cerâmica no Chile (Santiago) e no Canadá (Toronto e Ontário). Susana Wald viveu em várias cidades pelo mundo, porém, quando interrogada, afirma que sua verdadeira pátria é seu mundo interior: sua psique, seu inconsciente, morada da sua criatividade. De modo que não é de se estranhar sua relação com o surrealismo. Sua obra é surrealista pelo automatismo de sua criação, pela afinidade estética e pelo amor à poesia e à liberdade. Manteve contato com os surrealistas franceses, realizou diversas colaborações com vários artistas e, em sua caminhada aos 86 anos, ainda está com os pés firmes no surrealismo. Essa caminhada teve um companheiro por décadas: Ludwig Zeller (1927-2019).